domingo, janeiro 15, 2006

LULA E A LITERATURA DE AUTO-AJUDA

(Entrevista dada a Cláudia Jones, da Rádio Roquete-Pinto, em 15/01/06)
O objetivo de meu livro, A Nova Conversa, é primeiro, criticar o que está sendo feito, na cabeça das pessoas, pela atual “literatura de auto-ajuda” e, segundo, mostrar o que deveria estar sendo feito. Mas como fazer isso de maneira simples e clara em uma entrevista de dez minutos? E, quando me pus essa pergunta, o que me veio à mente foram as palavras do prefeito de Águas Lindas, em Goiás, sobre a “Operação Tapa Buraco”, do governo Lula. Disse ele: “Isso é uma palhaçada. Fazem esse serviço porco e lambuzado e, quando der a primeira chuva, vai tudo embora.” Pois é isso que meu livro denuncia: a maioria esmagadora dos atuais livros de auto-ajuda não passa de uma gigantesca “Operação Tapa Buraco” psicológica: um mero recapeamento de otimismo artificial onde seria necessário mexer na estrutura da mente. E um livro pode ajudar ao leitor, por si só, a aperfeiçoar essa estrutura? Minha experiência tem demonstrado que nem a todos – algumas pessoas têm que recorrer à ajuda pessoal de um psicoterapeuta – mas a muitas pessoas, sim. E mesmo “turbinar” o ritmo de pessoas que se encontram em tratamento. Vou tentar ilustrar a natureza da parte “positiva” de meu livro, ou seja, aquela que não apenas critica mais sugere soluções. As queixas mais comuns de pessoas que procuram ajuda psicoterápica são angústia e depressão. Uma pessoa saudável, quando energizada por processos internos ou externos sente prazer e é estimulada a agir. A pessoa com bloqueios psicológicos, ao ser pressionada por essa energia, em vez sentir prazer e ser estimulada à ação, sente primordialmente angústia, e freqüentemente, mecanismos inconscientes seus tentam bloquear essa pressão, gerando uma dePRESSÃO e a alternância entre depressão e angústia a precipita no pior dos mundos. Se a tentativa de fugir à angústia é uma das principais fontes psicológicas da depressão (há, naturalmente, outras fontes, de natureza orgânica), poucas pessoas dão atenção ao fato de que a angústia está associada a um estreitamento da respiração (a palavra “stress” vem do latim “strictu”, seja, “estreito”) e, menos ainda, que bloqueios da fala, que depende nuclearmente do respirar, geram tal estreitamento, gerando angústia etc., etc.. Meu livro mostra técnicas que uma pessoa relativamente saudável, como são a maioria das pessoas, pode empregar para romper esses bloqueios. E isso não é mera Operação Tapa Buraco.

Um comentário:

Anônimo disse...

Olá...
Concordo plenamente com vc.
Acho que livros de auto-ajuda acaba por vezes nos frustrando até mais, dependendo da situação e quanto a gente não consegue se encaixar nela.
Adorei.