segunda-feira, junho 25, 2007

DIÁLOGOS LOGANALÍTICOS XXX: "EU VOU SER ENGENHEIRO!"

Transcrevo a seguir o diálogo travado entre mim e Júlio em uma de suas primeiras sessões comigo:.

JÚLIO (falando muito alto e enfaticamente, na verdade, quase aos berros): — EU VOU SER ENGENHEIRO! VOU SER ENGENHEIRO! VOU SER ENGENHEIRO!
LC: — CONTRA quem?
JÚLIO (muito surpreso): — Hein?
LC: — Ué, estou-lhe perguntando contra quem você vai ser engenheiro.
JÚLIO: — Como assim, “contra quem” eu vou ser engenheiro?
LC: — Digo isso pelo jeito como você estava falando, repetindo-se várias vezes e quase berrando. Dá impressão de que alguém não quer que você seja engenheiro. Seria útil descobrirmos quem é essa pessoa, para podermos combatê-la melhor e você conseguir o que parece querer muito: ser engenheiro.
JÚLIO: — Bem, meu pai sempre me disse que eu não iria ser nada na vida.
LC: — Então, você gostaria de mostrar que ele estava errado.
JÚLIO: — Gostaria muito!
LC: — Mas, na verdade, pelo tom e ênfase que você usou quando disse que ia ser engenheiro, a mim não pareceu que quisesse apenas MOSTRAR. Minha impressão mesmo foi a de que você gostaria de ESFREGAR SEU DIPLOMA NA CARA DELE!
JÚLIO: — É verdade.
LC: — Mas há um pequeno problema.
JÚLIO: — Qual?
LC: — Segundo você me disse, ele está morto.
JÚLIO: — É verdade.
LC: — Mas a vontade de esfregar vingativamente seu sucesso na cara dele continua.
JÚLIO: — É verdade.
LC: — Então, como vamos fazer isso?
JÚLIO: — Não sei.
LC: — Eu tenho uma sugestão.
JÚLIO: — Qual seria?.
LC (expondo os princípios básicos do trabalho loganalítico): — Blá, blá, blá. Blá, blá, blá.

E iniciamos uma relação terapêutica – cuja natureza é exposta de maneira compreensível para o leigo em meu livro “A Nova Conversa” – cujo objetivo imediato era permitir que Júlio transformasse seu projeto de fazer engenharia “CONTRA ALGUÉM” no projeto de fazer engenharia “PARA SI”, condição indispensável para que Júlio livrasse sua vida – em particular sua vida profissional – de uma série de distúrbios, como, por exemplo: auto-sabotagem no caminho para o sucesso, tendência a se tornar um trabalhador compulsivo, dificuldade de usufruir os ganhos auferidos por seus esforços etc., a maior parte deles derivados da culpa proveniente de aquele projeto ter origem no ódio e, não, no amor.

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